Party: DIXON, Gusta-vo.

Party: DIXON, Gusta-vo.

Podemos dizer com segurança que vivemos numa altura de colisão tectónica entre a tradição e a vanguarda.
São estas épocas que mais sacodem a sociedade, pondo a descoberto novos caminhos e definições, abalando a segurança do conformismo e o medo da mudança. Numa cena cada vez mais fractalizada como a da música de dança onde as referências são instituídas e destituídas à velocidade da luz, é reconfortante saber que há quem navegue tal oceano agitado, com sabedoria e visão, não deixando a arte morrer na caricatura de si mesma, nem facilitando a sua total dissolução na inconsequência do sucesso fácil.

Dixon é daquela linha de DJs que tem esculpido a sua carreira desde muito antes dos atalhos virtuais de reconhecimento.
Minuto a minuto, pacientemente desenhando a sua técnica e paixão, qual artesão dos sentidos, em noites intermináveis onde a sustentação musical de uma noite significava a própria sobrevivência do "artista".
Não admira que tal prática e refinamento ecoassem pela Berlim dos anos 90 e se viessem a espelhar em testemunhos como as compilações Off Limits, que compilou e misturou, ou ao leme, primeiro da Recreation Records e depois da Innervisions, ambas germinadas sob o selo Sonar Kollectiv (dos Jazzanova), tendo a Innervisions dado passos seguros para se estabelecer como editora independente e uma das mais importantes deste novo século.
Os planos que Dixon tem para este mundo levam-nos à essência, onde a House tem fundações inabaláveis e um céu imenso, em que a simples contemplação das estrelas e o embalo na sua música nos deixam em levitação prolongada.
E cada jornada é desvendada connosco, que na pista lhe entregamos corpo e alma, confiantes no seu ritmo.
Considerado por três anos consecutivos, o DJ favorito entre 100 favoritos dos leitores do credível Resident Advisor, Dixon provoca-nos a admiração por tal permanência, mas também um efeito apaziguador, assegurando-nos que as nossas razões para ser um dos nossos favoritos, são tão intensas como a música que ele nos dá.
Um regresso mais que aguardado, a fazer reluzir o Gare.

Txt: Gabi von Dub